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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Semeando rosas

Uma Rainha de Portugal, de nome Isabel, ficou conhecida por sua
bondade e abnegada prática da caridade.

Ocorre que seu marido, o Rei D. Diniz não gostava das excursões da
Rainha, pelas ruas da miséria.

Muito menos das distribuições que ela fazia entre os pobres. Não
podia admitir que uma mulher nobre deixasse o trono das honras
humanas para se misturar a uma multidão de doentes, famintos e mal
vestidos.

A bondosa Rainha, no entanto, burlava a vigilância de soldados e
damas de companhia e buscava a dor nos casebres imundos, levando de
si mesma e de tudo o mais que pudesse carregar do palácio.

Não levava servas consigo, pois isto seria pedir a elas que
desobedecessem às ordens reais.

Era humilhante, segundo o seu marido, o que ela fazia. Como uma
Rainha, nascida para ser servida, realizava o trabalho de criados,
carregando sacolas de alimentos, roupas e remédios?

Certo dia, ele mesmo a foi espreitar. Resolveu surpreendê-la na sua
desobediência. Viu quando ela adentrou a despensa do palácio e
encheu o avental de alimentos.

Quando ela se dirigia para os jardins do palácio, no intuito de
alcançar a estrada poeirenta, nos calcanhares da fome, ele saiu
apressadamente do seu esconderijo e perguntou:

Aonde vai, senhora?

Ela parou, assustada no primeiro momento. E, porque demorasse para
responder, ele alterou a voz e com ar acusador, indagou:

O que leva no avental?

Levemente ruborizada, mas com a voz firme, ela finalmente respondeu:

São flores, meu senhor!

Quero ver! Disse o rei, quase enraivecido, por sentir que estava
sendo enganado.

Ela baixou o avental que sustentava entre as mãos e deixou que o seu
conteúdo caísse ao chão, num gesto lento e delicado.

Num fenômeno maravilhoso, rosas de diferentes tonalidades e
intensamente perfumadas coloriram o chão.

Consta que o Rei nunca mais tentou impedir a rainha da prática da
caridade.

* * *

Para quem padece as agruras da fome, sentindo o estômago reclamar do
vazio que o consome; para quem ouve, sofrido, as indagações dos
filhos por um pedaço de pão, umas colheres de arroz, a cota de
alimento que lhes acalme as necessidades é semelhante a um frasco de
medicação poderosa.

Para quem esteja atravessando a noite da angústia junto ao leito de
um filho delirando em febres, as gotas do medicamento são a
condensação da esperança do retorno à saúde.

Para quem sente as garras afiadas do inverno cortar-lhe as carnes,
receber uma manta que o proteja do vento gélido é uma ventura.

Por isso, quem leva pães, agasalho e conforto é portador de flores
perfumadas de vários matizes.

* * *

Há muitos que afirmam que dar coisas é alimentar a preguiça e
fomentar acomodação.

Contudo, bocas famintas e corpos enfermos não podem prescindir do
alimento correto e da medicação adequada.

Se desejarmos os seres ativos, envolvidos com o trabalho, preciso é
que se lhes dê as condições mínimas. Não se pode ensinar a
pescar alguém que sequer tem forças para segurar a vara de pesca.

Redação do Momento Espírita.

Em 27.12.2010.

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